quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Panorama Histórico do Município de Capinzal - Parte II


O DISTRITO DE RIO CAPINZAL

Parte II

1. A elevação à categoria de  distrito

Percebendo a importância da Colônia Capinzal no contexto político e econômico de Campos Novos; os líderes comunitários de Rio Capinzal, incentivam os moradores da localidade para participarem do movimento em prol da elevação de povoado a distrito de Campos Novos.

Nesse episódio, Cármine Zóccoli, Francisco Ricardo da Silva, Amantino Antunes Sobrinho, Jerônimo José Lopes, Jesuíno Antônio de Oliveira e Virgílio Urbano de Morais, foram as lideranças políticas que organizaram o movimento para transformar o povoado de Rio Capinzal no quinto distrito de Campos Novos.

A luta foi árdua, mas, a recompensa veio com a Lei n°206/1914 e que pela sua importância histórica, transcrevemos o teor desta lei:

“Augusto Carlos Stephanes, 1° Substituto do Superintendente em exercício. Faço, a saber, a todos os habitantes d’este município que o Conselho Municipal de Campos Novos, decretou e eu sanciono a seguinte lei:
Fica criado o 5° Distrito de Paz denominado Rio Capinzal desmembrado do 4° Distrito do Umbu. O Distrito tem as seguintes divisas, inicia na barra do Rio do Peixe no Uruguai, pelo referido Rio do Peixe acima ao Rio Leão, e posteriormente se encontra com o lageado Hipólito; e por este acima até encontrar picadas feitas por Antonio Lopes de Abreu, e daí até encontrar a cabeceira do lageado Leãozinho no local Empresa, e, pelo Leãozinho abaixo até a sua barra até o Rio Uruguai; e por esta abaixo até a barra do Rio do Peixe. O distrito ora criado compreende a Estações Rio Capinzal, Rio do Peixe e Rio Uruguai.
Revogam-se disposições contrárias. Augusto Carlos Stephanes.” [1] 

Os habitantes do agora distrito de Capinzal estavam jubilosos pela nova divisão administrativa municipal alcançada; porque com este novo “status” adviriam melhores condições de negociação no campo político; como ocorreu com as tratativas para a construção ponte pênsil interligando o distrito de Rio Capinzal com o de Abelardo Luz (Ouro). O desenrolar e conquista da comunidade para a construção da referia ponte e os critérios estabelecidos serão assuntos para serem tratados mais adiante.


2  Os primeiros intendentes e os primeiros juízes de paz

Os primeiro intendente do distrito de Rio Capinzal foi Carmine Zóccoli; nomeado através da Resolução municipal n° 187 de 01 de fevereiro de 1915, cargo que ele exerceu até o ano de 1917, pois no mês de dezembro daquele ano, seria nomeado para a função de segundo juiz de paz de Limeira, através da Resolução estadual n° 1002, de 08 de dezembro de 1917[2]; e para ocupar o seu lugar, a Superintendência Municipal de Campos Novos, através da lei n° 243, nomeia Virgílio Urbano de Moraes.

Outros honrados capinzalenses tiveram a oportunidade de assumir o cargo de intendente e de cumprirem com dignidade essa função administrativa pública.
Quanto ao cargo de juiz de paz, tudo estava regulamentado conforme rezava o decreto governamental n° 856, o qual determinava sobre a data limite para a realização da eleição à escolha de juiz de paz.

Dessa forma, a Superintendência e o Conselho Municipal de Campos Novos, oficializaram o dia 25 de março de 1915, para a eleição no cargo já citado.

Foi um dia muito importante para o distrito de Rio Capinzal, pois, pela primeira vez, a população escolheria o seu juiz de paz, e naquela oportunidade, apresentaram-se duas chapas.

A primeira constituída por Francisco Ricardo da Silva, candidato ao cargo de primeiro juiz de paz e Amantino Antunes Sobrinho, como vice.

A segunda, por Jerônimo Antônio Lopes encabeçando a chapa, e, Jesuíno Antônio Oliveira, concorrendo na mesma chapa, para vice-juiz de paz. 

Encerrado o pleito e aberta às urnas, obtiveram êxito Francisco Ricardo da Silva e Amantino Antunes Sobrinho, os quais, face ao resultado assumiram respectivamente o cargo de primeiro e segundo Juiz de Paz  do distrito de Rio Capinzal.[3]


3. Posto fiscal

A partir de 1911 o movimento no terminal ferroviário da Estação Capinzal era intenso, e, cada ano que passava crescia a procura do transporte ferroviário por ser o meio de locomoção mais rápido na época.

O conflito que ocorreu na região nos anos compreendidos entre 1912 até 1916 e que ficou conhecido como a Guerra do Contestado; não impediu que o distrito de Rio Capinzal prosperasse.

Nesse período é bom apostilar que a Estação Capinzal foi uma das que mais prosperou na região.

Porém, a fiscalização era deficiente, ocasionando prejuízo ao erário público; o governo estadual ciente dessa situação, através do decreto n°. 1266 de 05 de setembro de 1919 cria o posto fiscal no Rio Capinzal; importante anotar que esse posto fiscal passa a ser subordinado à Limeira. (Decreto, Leis e Resoluções. Ano:1919. Fonte: Biblioteca Pública do Estado de SC – Obras Raras).  A partir de então os tributos passam a ser cobrados com mais agilidade e fiscalização, aumentando a arrecadação para o cofre público. 

 4  Ponte sobre o Rio do Peixe

No ano de 1916, o único transporte entre os distritos de Rio Capinzal e Abelardo Luz (Ouro) era a balsa. No entanto, à medida que a produção agrícola aumentava esse meio de transporte foi se tornando ineficaz.

A população ciente desta situação e prevendo prejuízos no comércio das localidades envolvidas,  exige das autoridades competentes a construção de uma ponte no Rio do Peixe. A reivindicação dos distritos só foi atendida em 1919; quando o governo estadual concede auxílio financeiro para a construção da ponte. A lei sancionada tem o seguinte teor:
                                                                                 
                                                            LEI N° 1.266

"O Engenheiro Civil Hercílio Pedro da Luz, Vice-Governador, no exercício do cargo de Governador do Estado de Santa Catarina. Faço saber a todos os habitantes deste Estado que o Congresso Representativo decretou e eu sanciono o seguinte:
Artigo Primeiro – Fica o Poder Executivo autorizado auxiliar a construção de uma ponte sobre o Rio do Peixe em frente à Estação Capinzal com uma quantia de quinze contos de réis, desde que concorram para o mesmo fim as empresas colonizadoras H. Hacker & Cia, com cinco contos de réis, a Brazil Railway com quinze contos de réis, e a Sociedade de Colonos de Capinzal constituída legalmente para esse fim com os restantes vinte e cinco contos de réis.
Artigo Segundo – Nas proximidades dessa ponte será criado um posto fiscal de cujo rendimento entregar-se-ão dois terços à referida sociedade de colonos do Rio Capinzal até perfazer vinte e cinco contos de réis de sua contribuição acrescidos de juro de 6%ao ano. Artigo Terceiro- As quotas da Brazil Railway e da empresa H. Hacker & Cia serão consideradas como doação. Artigo Quarto – Revogam-se as disposições em contrário. Palácio do Governo, em Florianópolis, 05 de setembro de 1919. Hercílio Pedro da Luz/ Adolpho Konder. Publicada a presente Lei na Secretaria de Estado da Fazenda aos 05 dias do mês de setembro de 1919. João “Baptista Crespo – Oficial de Gabinete”.[4]

Somente assim os distritos de Rio Capinzal e Abelardo Luz, obtiveram os recursos financeiros do Governo Estadual, porém fatos ocorridos por razões que mais adiante serão detalhadas, atrasaram o início dessa obra. O tema a seguir versará sobre a segurança pública do distrito 


5  A segurança pública

O distrito de Rio Capinzal nos idos de 1916/1917 tinha bons motivos para estar otimista e preocupado.

Otimista porque à medida que novos moradores chegavam ao distrito, o comércio local era beneficiado por novas clientelas.

Preocupados com a falta de efetivo policial que garantisse a ordem pública no distrito. Nos anos acima mencionados, era comum o uso “armas de fogo” e “armas brancas” nas vias públicas, e,nos bares da localidade.

Tal situação gerou insegurança jurídica, inclusive, a maioria dos moradores do distrito pouco freqüentava os lugares públicos, por medo ou por precaução.

Surgem, então, movimentos reivindicando posto policial para o distrito.

Assim, em razão da insistência dos moradores de Rio Capinzal, as autoridades municipais de Campos Novos, sensibilizadas, exigem do Governo do Estado de Santa Catarina, a criação de um posto policial, exigência que foi atendida através da Lei n°. 1047/ 1917, de origem governamental. [5]

A partir de então a população fica mais tranqüila; pois agora havia pelo menos um pequeno número de policiais para zelar pela segurança pública.

[1]  Arquivo da Câmara Municipal de Campos Novos (SC).
[2] Decretos, Leis e Resoluções. Ano: 1917. Biblioteca pública do Estado de Santa Catarina.
[3] Foram os primeiros juízes de paz do distrito de Rio Capinzal. Arquivo da Câmara de Vereadores de Campos Novos (SC).
[4] Decretos, Leis e Resoluções. 1919.
[5]  Decretos ,Leis e Resoluções. Ano: 1917. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina.


6  Hidrografia

 Rio do Peixe
O Rio do Peixe tem a sua nascente em Calmon (SC) e desemboca no Rio Uruguai, em Marcelino Ramos (RS). Não é um rio navegável para o transporte pesado a longa distância, pois apresenta irregularidades de perfil longitudinal.

Segundo o periódico “A Vanguarda” de Campos Novos (SC), os Kaigangs, chamavam o Rio do Peixe de “Goio-Xim” e os Guaranis, o denominavam de “Rio Timbó”.

Esse mesmo periódico, esclarece, ainda que  o nome Rio do Peixe ocorreu no final do século XIX, quando o “Rio Mogi Grande”, passou a ser chamado de “Rio Timbó”. Antes disso, o Rio do Peixe de acordo com a mesma fonte citada, era conhecido como Rio Timbó em razão da grande quantidade de arbustos de timbó que se encontrava em suas margens; de onde silvícolas extraiam a seiva que tinha efeito paralisante e esse líquido era colocado na ponta das flechas com a finalidade de impossibilitar qualquer tentativa de fuga do peixe.

Rio Capinzal

O Rio Capinzal que rodeia parte da cidade desemboca no Rio Peixe é constituído por dois pequenos córregos, o primeiro denomina-se São Roque, e o outro é conhecido como Pedreira. A junção desses dois riachos é que dá origem ao Rio Capinzal.

O Rio Capinzal saciou a sede de animais; e ainda, contribuiu para alimentar os moradores ribeirinhos, pois no seu leito havia em tempos remotos variedades de peixes; porém, gradativamente, pela utilização inadequada de suas águas tornou-se um rio praticamente morto. Registre-se para fins didáticos, que além desse rio outros entrecortam o município: o Rio Santa Cruz e o Rio Lageado.

Apontada essas observações, a seguir, escreveremos sobre um acontecimento que se não for registrado nessa pesquisa poderá cair no esquecimento, trata-se do campo da aviação, o qual constará de dois momentos, o primeiro será tratado a seguir e o outro num em outro artigo a ser elaborado.


7  O campo de aviação

O distrito de Rio Capinzal já pleiteava a construção de um campo de aviação em 1930; no entanto, as autoridades municipais de Campos Novos só atenderam a reivindicação do distrito na década seguinte.

Assim, em 1940 iniciou a negociação entre as autoridades de Campos Novos e o comando da 10ª Região do Departamento da Aeronáutica Civil sediada em Porto Alegre (RS). Ficou acertada que a obra começaria em 1941.

Os estudos preliminares sobre a viabilidade do campo de aviação teve início em meados de 1940; com a vinda do funcionário do Departamento de Aeronáutica, sediado em Porto Alegre (RS); o engenheiro Edvino Shneider que deu parecer favorável para a construção do campo de aviação, com as seguintes observações:

A primeira era que o campo de aviação deveria ter três pistas com 800 (oitocentos metros) de comprimento por 100 (cem)  metros de largura.

A segunda era a construção de alojamentos para os funcionários da empresa construtora e estas deveriam estar próximas do campo de pouso.

A terceira, dizia a respeito à segurança do trabalho e para tanto, nas proximidades da pista de pouso, deveria ser construído depósito para combustível.

Estas informações acima arroladas foram publicadas no jornal “A Tribuna” de Joaçaba – Santa Catarina-. [1] 

De acordo com esse mesmo o periódico, a inauguração da primeira fase foi no dia 26 de junho de 1941, quando às 12,30 horas, posou um monomotor procedente de Santa Maria (RS).

Nessa reportagem, o periódico “A Tribuna”, afirma que o monomotor foi pilotado pelo Tenente Cícero e pelo co-piloto Sargento Price; que trouxeram a bordo Jasmelino Jardim, chefe do Departamento da Aeronáutica Civil.
Participaram do evento as seguintes autoridades de Campos Novos: Gasparino Zorzi, prefeito municipal; doutor Ricardo Freitas, juiz da Comarca, vereadores e religiosos.

Compartilharam também desse acontecimento alguns políticos do distrito do Rio Capinzal, e entre eles o intendente do distrito João Caldart, autoridades civis, religiosas e também a população em geral.

A obra ficou paralisada durante a Segunda Guerra Mundial e só voltaria a ser discutida pela população no ano de 1949 quando Capinzal já era município.
Mais adiante,daremos continuidade sobre o que realmente aconteceu com o campo de aviação de Capinzal, por entendermos que haverá melhor ponderação sobre o tema em tela. Passamos a versar sobre o comércio no distrito de Rio Capinzal.
[1]   “A Tribuna”. 1941. Joaçaba (SC). Junho/1941. Biblioteca Pública de Santa Catarina. Florianópolis (SC).


 8  O comércio

As antigas “vendas” existentes no distrito de Rio Capinzal, gradativamente foram se transformando em um comércio mais expressivo, e a partir de 1925, as principais casas de comércio pertenciam à: Toaldo & Irmãos, Geraldino Almeida, José Thomazoni, Raimundo Formigheri, Antônio Bressan, Sezinando Ramos de Morais, Syrio Idalino Abrahão e Severino Santini.

O desenvolvimento comercial no distrito de Rio Capinzal condicionou a classe de comerciante local a criar a Associação Comercial no dia 02 de fevereiro de 1925; conforme consta no ofício que a entidade recém-fundada encaminhou ao Governador do Estado, e por se tratar de um documento histórico, transcrevemos o mesmo:


Ilmo. Senhor
DD. Governador do Estado de Santa Catarina
Florianópolis – SC.  Of. N° 7
Temos a satisfação de comunicar a     V.Ex.ª a fundação da Associação Comercial de Rio Capinzal, em 02 de fevereiro do corrente mês, eleição e posse da diretoria para o ano de 1925/1926, sendo eleitos os seguintes senhores: Domingos R. de Nova - Presidente; Palmyro Germani - Vice- Presidente; Severino Santini - 1° Secretário; Raimundo Formigheri - 2° Secretário; Carmelo Zócolli – Tesoureiro Conselho Fiscal: José Zócolli e Silvio Toaldo.
Contando com vosso valoroso concurso para o engrandecimento de nossa Associação, seu desenvolvimento econômico e re-nome de nossa terra, aproveitamos o ensejo para apresentar nossas atenciosas saudações, ao mesmo tempo hipotecar nosso apoio à plena administração financeira e política que V. Exª vem executando com acrisolada honestidade.Respeitosas Saudações.Domingos R da Nova –Presidente Severino Santini - 1° Secretário.”[1]

Além das casas comerciais já arroladas, havia selaria de propriedade de Domingos Zuanazzi, ferraria que pertencia a Cesário Bernardoni, funilaria cujo dono era Luiz Betinardi e uma padaria de Pedro Mauro. Anote que no distrito havia no ano da fundação da Associação Comercial de Rio Capinzal, a farmácia de Vicente Gramázio; e que também havia dois hotéis, sendo um do senhor Ângelo Rossi e o outro do senhor Makolski.
De 1930 até 1945, as casas de comércio que mais se destacaram foram: Narciso Barison, Santos Almeida & Cia (adquirida em 1941 pelo comerciante Carlos Baretta) e a Casa Thomazzoni. A maioria do comércio existente no distrito se dedicava a venda de secos e molhados. A casa Thomazoni, além dos produtos acima citados, tinha um mini-frigorífico com a produção dedicada ao consumo local.
 [1]  Missiva localizada no Arquivo Público do Estado de Santa Catarina. Correspondências Recebidas PG/IJ. 2° semestre 1925.


9. Agricultura

No começo da colonização a agricultura era exclusivamente de subsistência; e somente em 1920, os agricultores introduziram novas culturas, a saber: feijão, milho, batata inglesa, batata doce, centeio, couve, abóbora, laranja, bergamota e melancia.

Por dezenove anos nada mudaria, mas, em 1940, surge o plantio de cevada e do trigo, esse último, proporcionaria o surgimento de moinhos em muitos locais do distrito, e entre esses, destacamos o Moinho Santa Catarina que pertencia ao senhor José Zortéa.

No entanto, esse ciclo de prosperidade na triticultura começou a  decair em 1942, como nos cientifica o jornal, “A Tribuna”, de Joaçaba, na edição do dia 22 de março de 1942, a saber:  

“A vida econômica dessa região está sendo seriamente abalada com a situação lamentável em que se encontra a enorme produção de trigo na região. Cerca de 100 mil sacos do precioso cereal estão armazenados ao longo da via férrea, esperando embarque estando o caruncho fazendo estragos irremediáveis. “Outros 100 mil sacos jazem nos paióis das colônias, correndo a mesma sorte, por falta de comprador.”

Com a finalidade de construir armazéns os triticultores da região de Capinzal e Ouro; formam consórcios independentes, no entanto, não foi possível em tão curto espaço de tempo resolver o problema.

A falta de silo para o armazenamento do trigo e também o prejuízo advindo de boa parte da safra foram determinantes para que o agricultor optasse por outro tipo de cultivo.


10 O setor madeireiro

No ano de 1930 as empresas em atividades no distrito de Rio Capinzal pertenciam a:Teodorico Brum & Cia, Domingos Pelizzaro, José Paza & Irmãos, Benjamim Cola, Cleto Toaldo, Massuetto Dambrós & Irmão, João Sivieiro Sobrinho, Ernesto Hachmann & Filho, Francisco Pedro dos Santos, Domingos Marin, Luiz Faversani e Alberto Busatto [1].

Após sete anos, ou seja, em 1937, de acordo com o “Cadastro Industrial de Santa Catarina”; elaborado pelo IBGE, funcionavam no distrito as seguintes madeireiras: de Domingos Pelizzaro, Romildo Bagnoli, Luiz Paggi, Francisco Pedro dos Santos, Augusto Busatto, João Sivieiro Sobrinho, Freitag & Irmão, Ernesto Hachmann , Adolfo Peluso, Augusto Bresola. Importante anotar que estas madeireiras estavam localizadas em diferentes regiões do distrito, como por exemplo, Lindemberg, Barra do Leão, e outros locais.   

O maior desafio para os madeireiros foi a “Lumber” por ter privilégios no transporte ferroviário.

A “Lumber” que se dedicava ao ramo de extração de madeira era uma das empresas da Brazil Railway Cia. Ltda, esta última, era a que tinha na época, a permissão de exploração do transporte ferroviário na região; e nessas condições, indiretamente, favorecia a “Lumber”; principalmente na agilização das famosas requisições para embarque da madeira, e, esse privilégio prejudicou e em muito os demais concorrentes no ramo madeireiro na região.

Registre-se, que no ano de 1943, expressiva quantidade de madeira ficou em local inadequado a espera da “permissão” para embarque.

Foram trinta e seis meses, na chuva e no sol, e quando foi liberada a ordem de embarque, as condições desta matéria-prima eram praticamente inservíveis para a comercialização, pois o cupim e outras pragas da madeira haviam feito o seu trabalho. Os madeireiros tiveram enormes prejuízos; e com isso muitos deles preferiram mudar de atividade econômica.

Para enfrentar essas dificuldades, os madeireiros do distrito de Capinzal e de distritos e localidades vizinhas, fundam a “Madeireira Oeste Ltda”; no dia 06 de junho de 1944, com o capital social no valor de Cr$. 1.500.000,00.

A sede dessa empresa era em Capinzal e o seu diretor presidente foi Augusto Bresola e o diretor comercial Silvio Santos. Tinham participação acionária as seguintes empresas: Santos Almeida & Cia (Capinzal), Kunz & Cia (Joaçaba), Freitag & Irmão (Piratuba), Augusto Bresola (Barra do Leão), Weirich Kunz & Cia Ltda (Capinzal), Madeireira Papuan (Ibicaré), Ângelo Ponzoni & Cia Ltda (Tangará), Francisco Nardi (Tangará), Carlos Mazzolin (Tangará), Benjamim Cola (Capinzal), Próvido Brum (Barra do Leão) e Alberto Onêta (Tangará). Alguns anos depois, por decisão dos acionistas, essa sociedade seria dissolvida. (2)

Essa fase do setor madeireiro pode ser considerada a melhor do ciclo madeireiro, embora encontrando dificuldades, trouxe lucros importantes para o setor, mas, também, proporcionou a destruição da flora e de parte da fauna.
(1) THOMÉ,Nilson.Ciclo da Madeira.IUL. Caçador (SC).
(2) A Tribuna. Joaçaba (SC). Ano: 1944.


11   De cooperativa para o frigorífico – Indústria Reunidas Ouro S/A

Poderá parecer uma confusão e tanta a tentativa para explicar a fundação de uma cooperativa que com o passar dos anos se tornaria um importante complexo industrial; por isso é necessário relatar como começou e onde este empreendimento iniciou a sua atividade.

Esta cooperativa foi fundada em 1937, no então distrito de Ouro que naquele tempo pertencia a Joaçaba; no entanto, em 1943, com a Reforma Administrativa, passa a pertencer ao município de Campos Novos, e, em 17 de fevereiro de 1949, com a criação do município de Capinzal, passa  a integrar esse último.

A cooperativa foi fundada com o objetivo de explorar a viticultura, e no ano da fundação contava com 232 associados.

Algum tempo depois ficou acertado entre os acionistas que além da viticultura; outra atividade industrial seria  iniciada pela cooperativa, o abate e industrialização do gado  suíno e bovino.

Gradativamente, e em razão dos negócios, o frigorífico diminui a produção de vinho e majorou a produção de abate suíno e bovino.

Assim, houve a necessidade de transformar este empreendimento numa sociedade anônima, cujo nome empresarial passou a ser Indústrias Reunidas Ouro S/A, com matriz no distrito de Ouro.

O crescimento foi tanto que houve a necessidade de abrir filial na capital paulista para atender a demanda dos produtos elaborados por essa indústria.

Os seus produtos foram registrados com o nome “Ouro”; possivelmente, em homenagem ao distrito onde era a sede desta empresa.
Findo este breve comentário sobre as Indústrias Reunidas Ouro S/A, o objeto seguinte relatará sobre a conclusão da ponte pênsil.


12  Conclusão da ponte pênsil sobre o Rio do Peixe

O desentendimento a respeito de onde e como deveria ser construída a ponte pênsil atrasou o início desta obra.

O apoio financeiro para a construção da ponte já tinha sido determinado pelo Governo do Estado de Santa Catarina através da Lei n° 1266.

No entanto, pairava dúvida sobre o local onde esta obra deveria ser construída.

Isto, porque o artigo 1°, da Lei citada, não especificava claramente o local, só rezava que deveria ser nas proximidades da Estação Ferroviária.

Surgem, então, duas interpretações, a primeira, era composta por aqueles que entendiam que o artigo primeiro da lei 1266 era claro ao mencionar no seu texto de que a ponte deveria ficar próxima da estação ferroviária; e, portanto, ao lado esquerdo do terminal ferroviário.

A segunda era daqueles que entendiam que a lei não especificava com clareza onde a construção da ponte deveria ser feita, e apenas mencionava que a construção deveria ser próxima à estrada de ferro. Como não houve consenso a obra não foi iniciada.

No ano de 1933 houve um acordo sobre o local onde a ponte seria erigida, e então, o trabalho foi iniciado e terminado dois anos depois, ou seja, em 1935.

Foi uma construção que exigiu muito trabalho, experiência e muito cálculo, assim, a responsabilidade técnica, ficou ao encargo de José Zortéa que teve como auxiliares principais Otávio e Aníbal Ferro.

Infelizmente, um ano depois, uma enchente destruiria essa ponte e os distritos de Rio Capinzal e de Ouro; ficariam privados dessa travessia, e novamente, a população se une para construir nova ponte que ficaria pronta em 1937.

Porém, em 1939 houve nova enchente, a qual, em razão do volume de água no leito do Rio do Peixe, levaria a ponte e pela segunda vez os distritos de Capinzal e Ouro, ficariam privados desse meio de transporte. 

A população se organiza e constitui uma comissão pró-construção ponte pênsil que ficou assim formada: Presidente: Davi Cruz; Secretário: Luiz Gonzaga Bonissoni; Tesoureiro: Honorato Nepomuceno da Silveira; Membros do Conselho Fiscal: Luiz Dutra, Pedro Baretta, Alexandre Thomazoni, Carlos Baretta e Juvita Lisboa.

Essa comissão pró-construção ponte pênsil firmou um pré-contrato com a Empresa Construtora Ltda, de Joaçaba que foi assinado em 1942.

O contrato definitivo foi assinado em 1943, sendo que o prazo de entrega ficou acertado para o mês de janeiro de 1945; e que por razões técnicas foi concluída em 05 de fevereiro de 1945.

Registre-se, que o técnico responsável por esta obra, tinha o nome de Antonio Hollzman, era de origem austríaca.

O presidente da pró-comissão ponte pênsil, Davi Cruz[1] que em  ofício  ao Governador do Estado de Santa Catarina, faz o seguinte comentário sobre  a ponte pênsil:

“O comprimento com os viadutos é de 136 metros,  tendo3,50metros de vão livre; a altura do nível normal da água é de 13 metros, possui dois pilares de concreto de cimento armado com 20 metros de altura, oito cabos de aço, com resistência calculada para 200 mil quilos; tem piso de madeira e grades metálicas laterais.”[2] 

De acordo com a descrição feita por Davi Cruz foi uma obra de engenharia avançada para a região do Vale do Rio Peixe.
Segundo alguns moradores antigos esta obra foi considerada a terceira maior ponte pênsil do mundo no ano em que foi inaugurada. 

[1] Davi Cruz,, era o escrivão da Coletoria Estadual , no distrito do Ouro.
 [2]  Cartas Recebidas Palácio do Governo. 1943. Arquivo Histórico de Santa Catarina.


13 Breve comentário sobre a sociedade do distrito

Informações verbais de antigos moradores de Rio Capinzal afirmam que o primeiro clube social no distrito foi a Sociedade Tabajara.     
Esses mesmos “informantes históricos” nos revelaram que o primeiro time de futebol de campo do distrito recebeu o nome de Tabajara Sport Club; possivelmente em homenagem a Sociedade Tabajara.

Tempo depois surge o Salão Cine Rádio cuja finalidade era realizar bailes e apresentações de peças teatrais.

Anos depois o empresário Leonardo Spadini, colocaria em funcionamento o mais tradicional cinema na localidade o “Cine Farroupilha”.
Spadini era um homem de extraordinária visão econômica e social e observando que a população não estava acostumada a ir ao cinema; “estabelece” que todas as quartas-feiras ninguém pagaria ingresso, tal evento, ficou conhecido como o “dia do pão-duro”.

Foi uma maneira inteligente de levar o público a freqüentar a sala de cinema, mas, o tempo se encarregou de suprimir o “dia do pão-duro”.

Além de salões de baile (onde também havia apresentações de peças de teatro) e sala para projeção cinematográfica havia as seguintes entidades filantrópicas: a Sociedade Corpo Coral; a Banda Musical e outras associações com diversos fins.

No ano de 1944, no dia 14 de julho é fundado o Ateneu Clube, sociedade que tem ligações com a histórica do distrito e o município de Capinzal; exemplo disso foi a realização da sessão solene para a instalação do município de Capinzal.  

A primeira diretora desse clube ficou assim constituída: 
Dr. Arnaldo Favorito, presidente; Silvio Santos, vice-presidente; Antônio Fernando Sacco, primeiro secretário; Douglas Cruz, segundo secretário, Leonardo Spadini, primeiro tesoureiro; Narciso Gomes de Almeida, segundo tesoureiro; Júlio Diniz, orador; e Jorge Neves da Silva, cobrador.

Na sociedade esportiva, surge o Arabutã Futebol Clube fundado em 10 de novembro de 1944. A primeira diretoria ficou assim composta: Valdemar E. da Silva, presidente; Antônio Batista, vice-presidente; Douglas Cruz, primeiro-secretário; Benjamim Barison, segundo-secretário; Faustino Baretta, primeiro-tesoureito; Carmine Zócolli, segundo-tesoureiro; Júlio Diniz, orador; João Cordeiro dos Santos, Diretor Técnico.

Já o Conselho Fiscal ficou assim organizado: Luiz Baretta, Leonardo Spadini,  Narciso Gomes de Almeida, Arnaldo Favorito e João Flores.

O Arabutã Futebol Clube disputou muitas partidas e entre elas, fica historiada a disputa ocorrida no dia 9 de novembro de 1946, quando enfrentou o Comercial de Joaçaba que estava invicto até aquele dia e permaneceria invicto, mas, com um empate contra um time brioso: Arabutã F.C. Os que assistiram a esse evento esportivo, contam que o jogo foi emocionante com muitos gols, e o resultado desse confronto foi: Arabutã 6 (seis)  x, Comercial  6 (seis).

Os atletas do Arabutã naquela partida foram: Carlos, Nilo, Marcelinho, Tatu, Vitório, Cide, Epifânio, Chico, Amauri e Manoel. (1).

Esse é o escorço da sociedade do distrito trataremos agora sobre energia elétrica no distrito.
[1] O décimo primeiro jogador do Arabutã não foi relacionado na reportagem do periódico “A Tribuna”;. Joaçaba (SC). Ano: 2° Semestre de 1946. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina.





14 O fornecimento de energia elétrica 

Somente no ano de 1934/1935 é que entrou em funcionamento a Usina Hidroelétrica Força e Luz, de propriedade de José Zortéa.

Com o fornecimento de energia elétrica houve algumas comodidades, porém, essa usina hidroelétrica era de corrente contínua e monofásica dificultando a instalação de indústrias no distrito.

Além disso, a sua localização era muito próxima à margem do Rio do Peixe razão pela qual ficava vulnerável às vazantes e, por isso freqüentemente ocorria queda de energia elétrica, condição nefasta à pretensão de qualquer indústria que estivesse interessada em se estabelecer no distrito. (1)

Muito esclarecedora é a carta publicada no jornal “A Tribuna” de Joaçaba que pelo valor histórico, reproduzimos exatamente como foi publicada:


“Rio Capinzal, 09 de dezembro de 1942.
Ilmo Senhor Correspondente A Tribuna
Prezado Senhor.
Deparando em suas notícias de correspondente na “A Tribuna” n° 86 de 07 do corrente, intitulado “Falta de energia elétrica”, cumpre-me muito o propósito, cientificar a V. Sª que no mesmo número de “A Tribuna” na última folha sobre a notícia “Geovarina & Cia”, referente à montagem de uma importante fábrica de vinho de laranja, cujos maquinários já foram adquiridos em São Paulo e acham-se aqui em nossos depósitos prontos para serem montados. Acontece, porém, que foi consultado o nosso técnico, quanto à capacidade de energia elétrica.
Além de ser corrente contínua, fomos obrigados a informá-lo de que se acha sujeito a enchentes e vazantes do Rio do Peixe e segundo a oscilação de altos e baixos e que muitas vezes durante o ano paralisa, deixando de fornecer não somente a força como a própria luz.
Em resposta o nosso técnico, declarou que o descontrole e a falta de energia impossibilitam a instalação de nossa fábrica aqui. Posto que esse detalhe é importantíssimo no funcionamento das máquinas.
Aí tem senhor correspondente de “A Tribuna” uma notícia desagradabilíssima para Capinzal e Ouro.
Somos forçados e bem contra a nossa vontade a tomar da “lanterna de Diógenes” e procurarmos outra localidade para realizar esse empreendimento. Por esse motivo aplaudimos a reportagem “A falta de energia elétrica”. Atenciosamente. Geovarina & Cia Ltda” (2) 
1  Essa usina estava localizada no distrito de Ouro.
2. A Tribuna. Joaçaba  (SC).  Ano: 1942.  Biblioteca Pública do Estado de SC. Obras Raras.


15 O atendimento médico na fase da colonização e no distrito

Na Colônia Capinzal pela inexistência de hospital, o atendimento médico era oferecido nas farmácias da localidade, apostilando que havia duas principais farmácias e a primeira pertencia a Vicente Gramázio e a segunda a Cavalcanti.

A partir de 1929 quando Casemiro Epifânio colocou em atividade a Casa de Saúde São Vicente de Paula; próxima da Canônica e da Igreja (Capela) do distrito houve melhor atendimento à saúde.

No entanto, no ano de 1930, um pavoroso incêndio destruiu esse “posto de atendimento médico e hospitalar” deixando o distrito privado dos seus serviços; e a solução foi retornar a atender os pacientes nas dependências das farmácias existentes. (1) 
Durante essa situação, muitos foram os médicos que prestaram serviço na área da saúde no distrito de Rio Capinzal, e entre esses anotamos: Cristiano Mayer, Mozart de Mello, Tesseroli, Ambrósio Ferri, Dória e Teobaldo Picanço. (2)

A situação no atendimento à saúde ficaria inalterada até meados de 1940, quando chega ao distrito o Doutor Arnaldo Favorito

Em 1944, doutor Favorito, comprou uma casa de madeira com diversos cômodos, onde instalaria um hospital. Nessa “casa de saúde” eram atendidos os doentes residentes no distrito de Capinzal, Ouro, Rio do Peixe e de outras localidades vizinhas. Esse hospital recebeu o nome de “Hospital São José”.

1  A Tribuna. Joaçaba. Ano: 1930. Obras Raras. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina.
2 Alguns desses médicos moravam no distrito de Ouro e lá também atendiam pacientes. Alguns desses médicos eram contratados para serviços médicos aos trabalhadores na estrada de ferro.


16 A instrução escolar no distrito

Somente, no final de 1913, a instrução escolar começaria a ser avaliada como uma necessidade indispensável para o povoado.

Na verdade, o que havia em alguns casos, antes de 1914, eram professores “itinerantes”, ou seja, aqueles mestres-escolas que iam às casas dos mais ricos para ensinar as primeiras letras; porém, a maioria da população não tinha acesso ao ensino.

A comunidade cônscia da obrigação de que as crianças e os adolescentes precisavam estudar; se organiza e encaminha ás autoridade do município de Campos Novos; abaixo-assinado, reivindicando a criação de uma escola no povoado.

A Superintendência e o Conselho Municipal de Campos Novos, atendendo a justa e merecida solicitação do povoado de Rio Capinzal, encaminha ao Governo do Estado de Santa Catarina, documentos, explicando do imperativo da criação de uma escola mista em Rio Capinzal.

Após a análise do pedido, o Governo do Estado atende reivindicação tão almejada pelos moradores de Rio Capinzal, e assim, no dia 16 de maio de 1914 é criado através Decreto n° 797 a escola mista de Rio Capinzal.(1)

Essa escola mista era mantida pelo município de Campos Novos e o Governo do Estado de Santa Catarina; ambos podiam nomear professores e contribuir financeiramente nas despesas com salários e reformas na unidade escolar.

O primeiro professor nomeado pelo município de Campos Novos para lecionar na escola mista de Rio Capinzal foi Deodoro Jorgino da Silva.(2)

Os docentes pertencentes a rede estadual resistiram em muito para lecionar no distrito de Rio Capinzal, por questões diversas e os que foram nomeados ficaram pouco tempo.

Os registros existentes revelam que o primeiro professor nomeado pelo Estado para lecionar na escola mista de Rio Capinzal foi Claudino Caramuru de Campos.

No entanto, o professor Claudino, por motivos particulares, solicitou remoção para a escola de Herval.(3) 

Presume-se que Josepha Viecelli tenha sido nomeada professora em lugar de Claudino e permanecido até o ano de 1927; mas, o que se sabe é que o Conselho Familiar indicou para ocupar a sua vaga, Pedro Penso. (4)

Durante o ano de 1930, não houve evolução no campo didático da educação no distrito, e somente em 1940, quando os educadores e educadoras com lotação no Grupo Escolar Santa Catarina estimularam os alunos a participarem com mais civismo e consciência social; é que começam a surgir novas lideranças comunitárias, e, muitas das quais iriam contribuir para que o distrito de Capinzal pleiteasse a sua elevação para a categoria de município. (5) 

Os estudantes do Grupo Escolar Santa Catarina, sob a orientação dos professores e professoras; fundaram o Grêmio Literário Anita Garibaldi.

Participaram desse Grêmio as seguintes alunas: Maria Barison, Eulésia Brambila, Analdina Betinardi, Ivone Caldart, Dalva Olivo, Idalina Zortéa e os menores de idade na época, Ivone e Ivonete Vargas.

Os jovens por sua vez, sob a orientação de Paulo Zóccoli, fundam o “Grupo Dramático de Amadores de Capinzal”; entre os diversos “atores” destacaram-se: Amadeu Nardi, Edgar Lancini, Valfrido Moacir Viecelli e Roldão Fasolari.

Em 19 de julho de 1945, o “Grupo Literário Anita Garibaldi” e o “Grupo Dramático de Amadores de Capinzal”; apresentaram-se em Campos Novos; com a arrecadação obtida pela apresentação, os participantes resolvem destinar o numerário para o fundo comunitário pró- construção Igreja Matriz.

Esta atitude da juventude estudantil do distrito de Rio Capinzal era um reflexo do que acontecia no restante do país: a redemocratização que resultaria nas eleições gerais no Brasil.

Era também a semente para que a juventude participasse ativamente dos anseios da comunidade, sendo a principal, a emancipação político-administrativa de Capinzal.
(1)   Decretos, Leis e Resoluções. Ano: 1914..Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Florianópolis
(2) Arquivo da Câmara Municipal de Campos Novos (SC)
(3)[1]  Resolução Estadual n° 1166. Decretos, Leis e Resoluções. Ano: 1919 . Biblioteca Pública  do Estado de Santa Catarina.
(4)[1] Cartas Recebida.s PG. Ano: 1927. Arquivo Histórico de Santa Catarina.
(5)  Alguns professores do Grupo  Escolar Escola Santa Catarina:   Alcides Rocha, Antônio Francisco Giacomini, Sérvulo B. dos Santos, Júlio Silveira Dinis, Ladislawa Howaleski e Angelina Giacomini . Informação obtida no  periódico: A Tribuna de Joaçaba. 1942.  Biblioteca Pública de Santa Catarina.


17 O transporte rodoviário no distrito

O distrito de Rio Capinzal, nos anos de 1914 e 1917, tinha quinze quilômetros de estrada carroçáveis e vinte e sete quilômetros de estrada de ferro; e o restante que havia no interior eram picadas que em dias de chuva ficavam intransitáveis para o tráfego de carroça; e nesses dias chuvosos, o único meio de transporte era a cavalo e em último caso, fazer o trajeto a pé.

A situação era caótica não só no distrito de Rio Capinzal, mas em todo o município de Campos Novos; mediante tal fato o Poder Executivo Municipal de Campos Novos,  encaminha relatório ao Governo do Estado de Santa Catarina, cientificando da precária situação em que se encontrava o setor rodoviário municipal. (1)

No tocante ao distrito de Rio Capinzal, o relatório dá conhecimento da construção de pontes sobre o Lajeado Grande e o Rio Agudo, bem como, de construções de pontilhões e ainda esclarece sobre a necessidade de conservação do trecho entre o distrito de Rio Capinzal e a sede do município.

Sensibilizado o Governo do  Estado de Santa Catarina, libera a importância de 384.000,00 (trezentos e oitenta e quatro mil réis) para melhoria no setor rodoviário. (2)

Outras melhorias no setor rodoviário ocorreriam em 1923, quando o Executivo Municipal de Campos Novos contratou Paulo Zócolli para construir 1.360 metros de estrada de rodagem, na serra de Capinzal. No entanto, por motivos diversos essa obra foi concluída por José Zócolli. (3)

A partir do ano de 1923, pouca melhoria houve no setor rodoviário do distrito e somente em 1940; a malha rodoviária compreendida no trecho Rio Capinzal/ Umbu e Campos Novos; recebeu a atenção das autoridades, as quais, pressionadas pela população, construíram pontes, pontilhões e, cascalharam o leito rodoviário, para proporcionar segurança ao tráfego em dias chuvosos entre o quinto distrito de Campos e a sede municipal.

Nessas condições, os empresários: Bazzo/Panisson/Maestri, obtiveram a concessão para a implantação de uma linha de ônibus, obedecendo ao seguinte trajeto: Capinzal/Lages/Caxias do Sul; no entanto, por motivos particulares, essa empresa encerrou as suas atividades. Assim, era a  malha rodoviária no distrito. 
1  Arquivo Histórico de Campos Novos (SC).
2 Decretos, Leis e Resoluções. Ano 1917. Obras Raras. Bilbioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Florinaópolis.  
3 A Tribuna. Cruzeiro do Sul. Ano: 1923. Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina. Florianópolis.